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quarta-feira, 11 de abril de 2012

ENFRENTANDO A CRUZEIRA




A velha entrou na sala
e com voz firme me disse:
- minha filha Doralice,
já aprontou o enxoval.
Te digo, não leve a mal,
se precisar um ajutório,
pra dar jeito no casório,
te desembucha bagual.

- Más...!?

- Não tem de más e nem menos
e nem de menos nem más,
sei que agora és capataz
e te deram um aumento,
sei que também és ciumento
e meio metido a macho,
se não quiser te despacho,
pode “imbora” fedorento.

A prenda se retorceu
e quis sair do meu lado,
mas continuei abraçado,
no pescoço da morena,
ajeitei minha melena,
me arrumei na cadeira,
e enfrentei a cruzeira,
com voz tranquila e serena.

- Não preciso de ajutório,
pra sair o casamento
e este tal de aumento,
me rende poucas patacas.
A senhora marque a data;
menos em agosto, que não presta
e pra lhe ajudar na festa,
tenho gordas cinco vacas.

A velha se arreganhou,
que apareceu a gengiva
e gritava: viva! Viva!,
Num reboleio de anca,
a Doralice ficou branca
e aproveitei o ensejo
pra “carcá” um baita beijo,
de entupir a garganta!

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