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quarta-feira, 30 de maio de 2012

E A CHUVA?

Foto de Giancarlo M. de Moraes




Lá num fundão de campo, o posteiro chimarreava à tardinha, depois de mais um dia de lida.

Um radiozinho portátil, sintonizado na “rádio” mais próxima, lhe trazia notícias, avisos, anúncios, músicas e a previsão do tempo. Esta era sua maior chuleada, na esperança da vinda de pelo menos, uma chuvita.

Por vezes, sua prenda vinha até o terreiro para um mate. Aproveitava a música para uma saracoteada com o piazito que se enfezava já com entono. Depois ela voltava para o costado do fogão.

O guri safadito no “más”, dava todo o volume do rádio e encostava no ouvido do cusquinho, que uivava espichando bem o pescoço e levantava a cabeça, fugindo para baixo do forno, com a cola no meio das pernas.

Aquilo era uma diversão, pra ele, que se desmanchava em risos, até que o pai lhe tirava o "aparelho" da mão, com um sopapo. Daí vinha o choramingo e a mãe perguntando: o que foi? Nada respondia o pai.

Mais uma cambona d’água até que o programa chegasse ao fim e então, desligar o rádio já que iniciaria a “Voz do Brasil” e o “táá na meeesaaa”, anunciado com carinho pela prenda.

Conforme a previsão, a chuva negou o estribo mais uma vez, e ele olhando para o horizonte avermelhado, coçou a cabeça e entrou no rancho levando o rádio e o guri, enquanto o cusquinho,  lá do seu esconderijo, espiava os dois.

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