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sábado, 30 de junho de 2012

NO TEMPERO DO SOL

                                                     Foto de Giancarlo M. de Moraes

Desceu roncando pra várzea,
o trator com um arado,
levando um peão tarimbado,
para lidar no plantio,
fincar na terra a semente,
no tempero do sol quente
e a água vinda do rio.

As taipas vão serpenteando,
pela lavoura afora,
esperando então a hora,
do banho inaugural,
enchendo quadro por quadro,
qual um piso espelhado,
pra verdejar o arrozal.

Bate o trator noite e dia,
num compasso redundante,
bombando lá no levante,
como sendo um coração
e se aprontando a lavoura,
torna-se uma prenda loura,
por quem se apaixona o peão.

Depois da farta colheita,
pras casas o trator volta
e muita china se solta,
levando as crias consigo,
se espalhando na lavoura,
qual exército de vassouras,
pra recrutar o respigo.

Um comentário:

  1. Excelente! Quem já esteve lá, mesmo que só assistindo, consegue imaginar as cenas por ti versadas!!

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