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sábado, 23 de novembro de 2013

ACIDENTE CAMPEIRO


Um rapazito foi passar uns dias com o tio que era capataz de uma fazenda. Beirando seus dezesseis anos, era meio afoito pra certas lidas.

Pois bem, num determinado fim de semana, o tio fora dar uma mão pra um vizinho e o sobrinho foi junto, já que de antemão tinha sido convidado.

Encilharam e foram. Ele numa potranca na doma. Uma rosilha malacara, pra lá de buena, ainda com certas baldas, sendo uma delas de assustar-se por nada.

Na vizinhança, todos já sabiam que o sobrinho era meio que metido a sabido, porém não era chato. Coisa de adolescente pachola.

Chegaram na casa do vizinho bem cedito, onde um outro vizinho estava moendo cana pra fazer melado.

Depois dos boleia a perna! Chegue pra diante! Foram convidados pra tomar um café antes de saírem pro campo. O rapazito agradeceu e se chegou pra o lado do engenho e “se atracou” a beber “guarapa” (caldo da cana moída). Bebeu muitos canecos, muitos!

Quando os demais voltaram do café, alçaram a perna e com a cachorrada de atrás, partiram pra o que devia ser feito. Ele montou, pacholeou e seguiu também.

A expectativa da rapaziada era ver a atuação do novato, de apreciar o desempenho do “sobrinho”, como foi apelidado.

A potranca se passarinhava a toda hora, pisava na ponta dos cascos num trotezito ligeiro, não passando ao galope porque o “sobrinho” sujeitava o bocal que espumava na boca da rosilha.

Mas com o trote, a “guarapa” começou a galopar nas tripas do “sobrinho”, causando um barulho como se dentro da barriga estava acontecendo uma corrida de Fórmula 1. No começo tudo bem, mas a coisa foi apertando, apertando e a bunda já não se ajeitava direito no basto. Quieto ele seguia apertando a rosca o mais não poder.

Na primeira porteira que surgiu, voluntariou-se pra abrir, já com a intenção de aliviar a buchada, pois não aguentava mais nem respirar.

Boleou a perna, abriu a porteira e o pessoal passou. Disfarçando voltar pra fechar, esgueirou-se por entre as macegas com a rosilha no cabresto, baixou a bombacha e mandou pra fora a “guarapeira” que desceu roncando.

Tudo estaria normal, não fosse a potranca se assustar e sentar no buçal, fazendo com que ele desequilibrasse e caísse sentado pra trás, em cima do que tinha feito. Foi a farra do resto da turma que já antevira o efeito da “guarapada” que roncava no bucho dele.

Em meio as risadas dos demais, ele saiu com a rosilha no cabresto e maneado na bombacha “enguarapada” na direção dum açudezinho, onde “relampiando” a bunda branca, deixou a água poluída.

Pela mesma porteira voltou rumo a casa cabresteando a malacara.

Quando à tardinha, o tio retornou da lida, nem rastro do rapazinho. Tinha se mandado a pezito no más pra querência donde viera.

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