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quarta-feira, 2 de julho de 2014

COMIGO NÃO BICHO VÉIO


Numa manhã após a forte cerração, o sol ao refletir seus raios pelo campo, as macegas ainda guardavam pequenas gotas que reluziam qual vidrilhos.

Montando seu petiço “Cigano” o piá seguia no trilho que fora capinado pelo casco do próprio animal nas idas e vindas do dia a dia para a escola.

Quebrou um pedaço da vara de alecrim que usa como “rebenque” e colocou na boca fantasiando um palheiro que fumegava com a fumacinha do bafo causado pelo frio. O petiço também baforava mas não fumava, só mascava o freio.

De vez em quando a manga do casaco era usada para limpar a melequina que escorria do nariz e insistia entrar na sua boca.

Retorceu-se nos pelegos para ver se o focinho do petiço também pingava. Só viu a baba espumando no canto da boca a escorrer pela barbela do freio.

Uma perdiz, já com o motor aquecido, resolveu exercitar as asas e alçou voo bem abaixo do focinho do “Cigano” provocando um susto e fazendo com que negasse para um dado, se empinando saindo do trilho e virando a cabeça na direção do rancho pronto para disparar.

Aquele resto de “rebenque” baixou pela anca do petiço levantando fumaça enquanto a rédea era sofrenada com perícia de campeiro e o xingamento rústico num linguajar chulo.

Tudo resolvido, petiço no trilho novamente com a cabeça rumo à escola, o piá ajeitou o chapéu e o corta-passo que trazia a meia espalda e resmungou novamente com o “Cigano” dizendo:

- COMIGO NÃO BICHO VÉIO, AQUI TEM BRAÇO!

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