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domingo, 12 de julho de 2015

FOI-SE COM O TEMPO




Passaram carretas e mais carretas na estrada. Nas casas moraram pessoas e mais pessoas.

Na estrada cada carreteiro com seu destino e nas casas cada pessoa com sua história.

E na carga das carretas iam se ajeitando as quitandas e nas casas as moças espiavam pela janela os carreteiros. Por baixo das carretas, os cuscos tranqueavam assoleados e os das casas, saiam para a estrada pra pelear.

E os bois na estrada, cutucados pela picana de taquara, puxavam preguiçosamente a carreta e nas casas, os bois ruminavam no potreiro, à sombra das taquareiras. 

Na estrada, a fumaça dos palheiros serpenteava em direção ao céu e nas casas, a fumaça dos fogões esgueirava-se por entre o galpão e o arvoredo.

Na estrada, a voz cantada do carreteiro chamava a junta da ponta e nas casas o canto de uma mãe fazia a cria dormir.

E na estrada, hoje, a carreta não passa mais e nas casas as moças não espiam mais na janela e os cuscos latem por trás da tela.

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