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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

... DAS HORAS


Tem horas que a gente vive
e tem horas que a gente sonha
tem horas que se tem orgulho
e tem horas que se tem vergonha

Tem horas que nada serve
e tem horas que nada presta
tem horas que nada falta
e tem horas que nada resta

Tem horas que a coisa é errada
e tem horas que a coisa é certa
tem horas que a coisa folga
e tem horas que a coisa aperta

Tem horas de alegria
e tem horas de amargura
tem horas que tudo é dor
e tem horas que vem a cura

Tem horas que tudo vem
e tem horas que tudo vai
porém em todas as horas
estamos nas mãos do Pai

domingo, 2 de agosto de 2015

DAS NOITES E TROPAS

Foto de Giancarlo M. de Moraes

Quantas noites mal dormidas
com a carcaça molhada
por corredores e estradas
tropeando aqui e ali
foram cavacos da lida
de uma infância sofrida
da qual herdou o guri

Noites de ponchos e pelegos
geada e fogo-de-chão
também noites de verão
de estrelas e lua cheia
noite escura e ronda braba
quando o cansaço desaba
e o sono vem e boleia

Longas foram as jornadas
com seu avô e o pai
e assim como tudo vai
foram-se também as prosas
e nas noites quase sem fim
passava o vento clarim
ecoando notas penosas

E hoje de barba branca
recordar é o que lhe resta
quando a saudade molesta
o que não cicatrizou
e no baú da lembrança
é onde guarda a herança
que de tropear lhe tocou