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quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

MINHAS ESTRADAS


Enquanto a chuva mansa
molha aos pouco o capim
passeiam as velhas lembranças
pelas estradas em mim

Prosas, músicas, saudade
num vai e vem sem fim
e junto a felicidade
pelas estradas em mim

Vai-se a chuva lentamente
mas as lembranças presentes
pelas entradas em mim

Andejam sem rumo certo
sem permitir um deserto
pelas estradas em mim.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

PELEADOR


Era chegado num trago
o tal Maneco Gonzaga
e por se destorcer numa adaga
ficou famoso no pago
em muitos queixos fez estrago
quase deixando do avesso
não era dele o começo
mas depois que encarniçava
a adaga velha lonqueava
nunca perdendo o endereço

Peleava com mais de um
ou quem viesse pela frente
virava num “bicho-gente”
não tinha de zunzunzum
reborqueava qual muçum
com o anzol lá no bucho
mas o desdobre do gaúcho
dando de fio e de prancha
taureava e abria cancha
sem precisar dos cartuchos

Muitos outros peleadores
se achavam igual a ele
porém era só aquele
com  a fibra dos gladiadores
e dentre outros fatores
que foram do berço herdados
não se sentia igualado
pois lhes faltava a conduta
primeiro se é recruta
para depois ser graduado

Por vezes até changueava
para rebanhar uns trocos
que quase sempre mui poucos
pra uma carreira ou uma tava
quando a coisa melhorava
se arranchava num galpão
rebenqueando a solidão
da anca até o focinho
pra que uma felpa de carinho
cravasse em seu coração

O tempo encurtou-lhe a vista
e o reumatismo a destreza
e a Santa Mãe Natureza
vai conduzindo o artista
que mesmo assim não despista
quando alguém lhe indaga
procurando a velha adaga
como quem não perde a cisma
pois ela foi batismo e crisma
do tal Maneco Gonzaga