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quarta-feira, 10 de junho de 2015

O PEÃO E A LIDA


Foto de Carlos Alberto Tatsch




A lida de um peão solteiro
pelas fazendas do pago
é dura mas sempre há tempo
pra uma volteada e um trago
procurar um rabo de saia
na hora de um afago
prosear com os parceiros
carrerear os parelheiros
espairecendo os encargos

Tirar leite na mangueira
quebrar queixo de aporreado
se perder coxilha afora
no feitio de um alambrado
lavrar terra sem trator
com boi zebu aluado
dar boia pra criação
prestar contas pro patrão
sobre a situação do gado

Carnear e curtir o couro
estaqueado com taquara
aproveitar o tempo bom
prender fogo numa coivara
ir na venda pra Patroa
isto não é coisa rara
e quando recebe os pilas
dar uma volta na vila
pois quem ta vivo não para

Cortar lenha de machado
tirar palanque no mato
nos dias que está chovendo
lidar nas cordas com tato
pra refazer os estragos
da lida e dente de rato
também reunir o rebanho
naqueles dias do banho
pra controlar os carrapatos

E para a banda da noite
busca o abrigo do galpão
pra dar um jeito na boia
e sorver um chimarrão
depois se espichar num catre
onde vem recordação
da prenda lá do povoado
e o namoro alinhavado
na borda do coração