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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

CAMBONEANDO




Estirado contra a parede na sombra do oitão do rancho, ressonava meu cachorro depois da lida de campo. Eu também tava sovado e tinindo por uma camboneada.

Juntei os tições com uma cachopa de palha, abanei com o chapéu avivando o fogo. Meia dúzia de minutos e tava cevado o mate.

Puxei um cepo e sentei perto do cusco, que levemente mexeu a cola como a me dizer: relaxa! Ali fiquei sugando a cambona enquanto o pensamento gauderiava pelo sem fim da memória. Meu cusco dava sintomas de que também andava longe dali.

Contemplei no horizonte as nuvens se juntando num rodeio de matizes como uma grande colcha de retalhos se estendendo sobre o sol que foi se achatando enquanto a sombra do oitão se espichava.

Roncou a cuia, secou a cambona, voltei a mim e cutuquei o cusco.