Chegou faceiro da escola
o piá gritando o motivo
passei, eu passei de livro
e já posso ganhar o petiço
me esforcei para isto
vocês fizeram promessa
e agora tenho pressa
de botar ele no serviço
Tirando do corta-passo
abriu o seu boletim
e foi lendo para mim
corrido e não soletrado
aprovado, aprovado
é isto que tá escrito
eu me agarrei no piazito
e disse um “sim” engasgado
Olhei para minha velha
e vi que também chorava
no avental enxugava
as lágrimas da emoção
nós três e o outro irmão
nos juntamos num abraço
acelerando o compasso
no bater do coração
Parabéns meu doutorzinho
disse ainda abraçado
o petiço tá comprado
amanhã tu buscas o bicho
e já passa no bolicho
lá da comadre Tereza
que tem pra ti uma surpresa
encomendada a capricho
Ah! Ah! a curiosidade
sarneu desde àquela hora
a mãe e o mano explora
ficam de bico calado
que será o encomendado
a pergunta é repetida
e a noite foi mais comprida
porque passou acordado
Nem quis tomar o café
pegou um freio no galpão
e no meio da cerração
se divulgava a figura
um homem em miniatura
faceirito com o presente
aquele ser inocente
com sua alminha pura
Gritou da estrada oh! de
casa
a voz saiu meio rouca
o coração pela boca
queria saltar pra fora
vizinho chegou a hora
eu vim buscar o petiço
já batizei de Feitiço
na minha vinda agora
Fez questão de botar o freio
mesmo na ponta do pé
era metido o garnisé
pulou e montou sozinho
com a mão fez um carinho
dando um tapinha na anca
botou no bolso as tamancas
e carreireou no caminho
A boca lá nas orelhas
com as canjicas de fora
fazia o garrão de espora
cutucando o petiço
dizendo vamos Feitiço
pacholeou numa esbarrada
ficando a marca na estrada
bem na frente do bolicho
Guaiaca, bota e espora
bombacha e chapéu de pano
pra ficar igual ao mano
o piazito pachola
era bueno de cachola
comportado e obediente
sendo a razão dos presentes
seu interesse na escola
No seu petiço montado
este pequeno monarca
traz na sua própria marca
uma ânsia de aprender
e porque não se dizer
que um piá desta estampa
vai se agrandar neste pampa
na Estância do Saber