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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O JEITO É ESTAR PREPARADO

Chegou triste no rancho,
depois que a mãe morreu
e abraçado ao chapéu,
rezou pedindo pra Deus,
que acomodasse a velhinha,
num cantinho lá do céu.

Tem certeza que suas preces,
pelo Pai serão ouvidas
e chegarão até ela,
a quem agradece a vida,
na frente de seu retrato,
sempre à luz de uma vela.

Ficou solito no rancho,
com a saudade, a lembrança
e sua sina terrena,
que lhe deixou ser criança,
adolescente e rapaz,
nos braços da velha buena.

Mas que fazer se o destino,
a todos nós vem traçado,
mesmo antes do nascer?
O jeito é estar preparado,
perdoar para ser perdoado,
pois também vamos morrer.

domingo, 2 de outubro de 2016

O SONHO

Foto de Giancarlo Marques de Moraes


Quando eu era menino
tinha um sonho lindo e já realizei
de encontrar na verdade
a outra metade que muito sonhei
Marila morena
apesar de pequena outra igual não tem
quem me compreenda esta é minha prenda
a qual eu quero bem

Tem brilho e encanto nos teus olhos
e um bom coração que pulsa no peito a nos amar
és uma criatura com a alma pura e generosa
és mãe carinhosa e esposa bondosa a nos orgulhar

Eu viverei contigo
sendo esposo e amigo sincero e amado
pra te fazer feliz como sempre quis
e sonhei no passado
agradeço a Deus os filhos que me deu
e por Ele abençoados
e que nossa estrada seja iluminada
por todos os lados

sábado, 16 de julho de 2016

SEM UM RANCHO SÓ SEU



E passaram-se os anos branqueando a melena
daquele xiru que viveu solitário
de estância em estância sem ter paradeiro
e miles e miles de lindas chinocas
passaram a “lo largo” na estrada da vida
e a sorte esquecida deixou-lhe solteiro

Foi taura valente peleou como tantos
de lança e adaga nos campos sulinos
seu tempo passou sem um rancho só seu
só Deus, seu Patrão que ainda lhe resta
conduz seu cavalo de lombo pisado
lembrando um passado que pouco viveu

Recolheu-se o taura num galpão alheio
assim como sempre sua vida passou
pitando um palheiro junto ao fogo de chão
sorvendo um mate com a erva lavada
ainda esperando que mude sua sorte
ou o sopro da morte lhe apague o lampião

segunda-feira, 30 de maio de 2016

RANCHO



Melena de santa-fé,
quatro paredes barreadas,
pelas tormentas templadas,
pelo sol quente e geadas,
pela poeira da estrada
e pelo limo dos anos,
com fibra de um veterano,
que não se entrega por nada!

Rude habitação modesta,
que pela pampa se espalha,
onde o xiru se agasalha,
onde o Minuano assobia,
seja de noite ou de dia,
a sinfonia do vento,
te reponta para dentro,
hospitalidade e poesia!

És o marco das moradas,
humildes de toda a terra
e mesmo sendo tapera,
serve de abrigo ao andante,
teu melancólico semblante,
das paredes carcomidas,
são infortúnios da lida,
que te judiam bastante.

Continuarás soberano,
embora pobre e sem luxo,
neste Rio Grande gaúcho,
nesta Pátria Riograndina,
pois se Deus te deu a sina,
de abrigar os seus filhos,
lutarás como um caudilho,
sem que te cruzem por cima!