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Foto de Giancarlo M. de Moraes |
Quando cheguei no bolicho
tava começando a riosca
a canha fazia “cósca”
instigando um índio maula
outro que não era flor de cheiro
contido pelo bolicheiro
parecia um leão na jaula
Botei só um pé pra dentro
observando o alarido
atento e prevenido
dei um “buenas” sem resposta
quando um estouro de facão
deu início a confusão
do jeito que o diabo gosta
Liberei de pronto a porta
quadrando o corpo no “mas”
dei um passito pra trás
deixei livre sem embargo
um rufo passou por mim
qual cachorro e graxaim
num já te pego já te largo
Tinia o ferro branco
com estouros e pontaços
gambetas de pernas e braços
num bailado de dar medo
dois viventes que enxergavam
e que por certo guardavam
algum golpe de segredo
Dito e feito sem demora
mudou a cor do combate
um filete escarlate
verteu de uma sobrancelha
e como um rude argumento
um contragolpe violento
decepou uma orelha
Duma sombra eu apreciava
aquele duelo de machos
suava até o barbicacho
me ressecava a goela
mas ali eu era estranho
não pertencia ao rebanho
e preferi ter cautela
Num impulso fui apartar
mas recuei por precaução
num entrevero de facão
sempre sobra algum talho
já que ninguém se
meteu
então pensei – porque eu
vou querer virar retalho?