Tropeando num solaço
minha sombra acompanhava
e nela o cusco troteava
sem precisar da espora
com toda língua pra fora
lambia a própria baba
talvez sonhando com a água
essencial naquela hora
Senti dó do velho cusco
que ali troteava comigo
fiel parceiro e amigo
sempre pronto e voluntário
atento e solidário
nunca refugou parada
não tem carteira assinada
e nem protesta por salário
É cruza da minha cadela
com um cachorro do vizinho
e já desde filhotinho
foi se apegando comigo
nunca sofreu um castigo
nem foi preso por corrente
pois quem se apega na gente
a gente tira pra amigo
E a lida do dia a dia
que vai na minha garupa
às vezes arma arapucas
que preciso de socorro
então ao cusco recorro
lembrando um ditado antigo
"Mais vale um cachorro amigo
do que um amigo cachorro"