Páginas

Marcadores

quarta-feira, 25 de julho de 2012

VINTE DE JULHO

                                        Foto de Elvandir de Vargas


No rancho do amigo Vargas,
no dia vinte de julho,
nos juntamos num barulho,
de violão e de legueiro,
eu e o velho parceiro,
Jorge Luiz Laranjeira,
numa noite bem campeira,
com vinho e carreteiro!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

HORA DO AFAGO

Foto de Giancarlo M. de Moraes
                           

O dia já desencilha,
pra dar folga pro cavalo
e o sol por trás da coxilha,
dá o seu último pealo.

Eu também vou soltar os bois,
me lavar, tomar um trago
e um mate, logo depois,
na minha prenda um afago.

No rádio um “bandoneon”,
faz pulsar meu coração,
no embalo de um chamamé.

E assim com a noite caindo,
meu rancho ficará mais lindo,
com a lua no santa-fé.




PRENÚNCIO

                                          Foto de Giancarlo M. de Moraes

Quando o dia foi embora, o vento seguiu com ele e a noite trouxe a aragem fria e uma lua cheia, sem nenhuma nuvem para impedir que seu brilho prateado inundasse os matos, várzeas e coxilhas, bem como a quincha dos ranchos e galpões.

Mais uns tições no fogo, já que depois da janta teria a prosa costumeira para encurtar um pouco a noite.

.......................................................................      

- Vai ser grande a tordilha, falou meu avô - prenunciando a geada - com a experiência de quem já carregou no poncho muitos invernos.

- Lhe acredito, alguém concordou.

A prosa prosseguia no galpão, enquanto lá fora, os cuscos se enroscavam uns nos outros para guapearem a noite fria. Tudo parecia parado. Nenhum pio, nenhum outro cusco da vizinhança acoava, enfim, nenhum bater de cascos. Nada quebrava o silêncio, a não ser alguma gargalhada ao redor do fogo.

A gurizada foi se retirando aos poucos, ao passo que os mais velhos ainda davam as últimas tragadas nos palheiros e acertavam detalhes da lida para o dia seguinte.

......................................................................

O silêncio só foi quebrado, quando o despertador campeiro, empoleirado nas grimpas de uma laranjeira, anunciou a madrugada.

Mais tarde foi a vez das vacas, dos terneiros e dos porcos, cada um reclamando seus direitos.

Virgem Maria, tudo havia branqueado a melena!

O dia foi clareando preguiçosamente assim como a fumaça do fogão se desprendia da boca de um pedaço de cano no oitão do rancho.

Realmente, a tordilha foi macanuda!

sexta-feira, 6 de julho de 2012

MATE COM AMOR

                                                       Foto de Giancarlo M. de Moraes

Sempre na hora do mate,
tem um banco junto ao meu,
onde senta minha prenda,
filha do dono da venda,
que um dia Deus me deu.

São momentos de carinho,
onde renova a paixão,
dos eternos namorados,
naquele mate cevado,
nos avios do coração.

Entre um mate e outro,
nos olhamos com afeto,
por vez uma lágrima safada,
chega sem ser convidada,
quando falamos nos netos.

É assim naquelas horas,
de manhã ou à tardinha,
quando o mate do amor,
traz na bomba o calor,
dos lábios da prenda minha!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

PRESENÇA DE ESPÍRITO

       
Estas novas tecnologias são mesmo de tirar o chapéu. Com relação ao telefone celular então nem se fala, cada xiru quer mostrar mais suas técnicas e porque não dizer, se exibir, se achar o tal.
      Pois presenciei em determinado local, o celular de um peão que despertou com um relincho de cavalo. Ligeiramente ele tirou o “aparelho” da algibeira da bombacha e olhando na volta, com um jeito de quem tava por cima, atendeu o relincho e disse: oi amor! Conversou um pouco, com certo entono, depois deu tiau e desligou.
      Mais ou menos uns dez minutos passados, o telefone do peão despertou novamente e um outro taura que estava por perto disse: pelo relincho é teu amor de novo!
      Quero deixar claro que não inventei esta história, apenas estou contando um fato verídico presenciado nesta tarde quente de inverno (dia 02/jul/2012).