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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

POR UM FIO

Foto de Giancarlo M. de Moraes




Quando os tropeiros passaram, o capataz ajustado na fazenda, entregou o gado que fora vendido ainda quando do outro capataz.

O novato sabia quantas cabeças o patrão vendera, mas não conhecia com detalhes os animais. Juntamente com os tropeiros, reuniu a tropa e ajudou largar na estrada. Na fazenda não havia ninguém naquele dia, a não ser ele com sua família.

A tropa já com três dias de estrada, pastorejava num rincão limitado por um canto de cerca e um mato de sanga, onde um dos tropeiros dava jeito na boia, enquanto os outros chimarreavam e rondavam o gado.

Aproveitando uma folga da faculdade, o filho do fazendeiro reuniu alguns amigos e resolveu passar o fim de semana na fazenda.

Já na estrada, no passo de um lagoão, encontrou a tropa que sedenta se fartava naquela água corrente, onde ele quando piá, muitas vezes ao passar por ali, pedia para o pai parar, para ver os cardumes de lambaris que prateavam ao sol.

Recostou a camioneta para um lado e ficou observando a tropa passar. Campeiro, reconheceu que alguns eram da fazenda. Foi identificando aqueles, até que em um dado momento exclamou:

- Não, não é possível, o Colibri tá indo junto! Não é possível!

Boleou a perna e dirigiu-se a um dos tropeiros, onde confirmou que o boi que ele reconheceu era da fazenda do seu Firmino, justamente seu avô.

Pediu que apartassem e dissessem o preço, pois aquele animal tinha sido um guaxo presenteado a ele e não era para ser vendido, nem para serviço, quanto mais para ser levado ao matadouro. E por um fio que não foi.

Acertaram o preço e apartaram o Colibri. A tropa seguiu seu destino, enquanto ele chamando o boi pelo nome, este atendeu e veio lamber-lhe a mão como quando terneiro.

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