Já era um
pouquito tarde
ao me dar
conta da hora
mas quando a
vontade aflora
a ânsia faz um
alarde
e até parece
que arde
como uma brasa
no peito
fui de pronto
dando um jeito
de me preparar
pra farra
juntando as
minhas garras
pra encilhar
no parapeito
Dei um traquejo
na figura
com
brilhantina e estrato
no pescoço um
maragato
e meus
“talher” na cintura
bati casco na
planura
escutando a
voz do vento
me roía algo
por dentro
quando
despontou a lua
como um olhar
de xirua
a instigar meu
intento
Quando cheguei
no povoado
ouvi uma gaita
na manha
busquei a meia
de canha
“golpiando”
num baita trago
atei o zaino
pra um lado
tirei as
esporas e o pala
com uma
vaneira baguala
veio um olhar
sorrateiro
que pra quem é
bem matreiro
vale mais que
uma fala
Me entreverei
na bailanta
demonstrando
habilidade
pois andava
com vontade
de pescocear
uma percanta
fazer uso da
garganta
pra um
cochicho ao pé do ouvido
às vezes meio
atrevido
motivado pelo
anseio
que rasga a
gente no meio
num frenesi
desgranido
No compasso da
vaneira
um namorico
ainda morno
ia saindo do
forno
bem à moda
campeira
eu ia assim
pela beira
porque o
mingau era quente
tem que ter
tato um vivente
pra chegar
onde ele quer
porque um
refugo de mulher
derruba e
machuca a gente
“Tentiei” um apertãozinho
com a mão
direita no cinto
fui subindo
até o brinco
mas muito
assim de mansinho
já era quase
um carinho
de malícia
revestido
a prenda
ajeitou o vestido
fazendo um
contrapasso
dando um tirão
no meu braço
me chamando de
atrevido
E bem no meio
da sala
ela me deixou
solito
depois de
passar um pito
pelo que perdi
a fala
chamaram o
mestre- sala
que logo me
deu o recado
e sem olhar
para os lados
voluntário fui
saindo
com dois
brigadianos rindo
cada um no meu
costado
Tá certo eu
vinha carente
mas isto não
justifica
a prenda era
bonita
educada e
descente
mas o fogo em
minha mente
me fez perder
a parada
e com a fuça
deslavada
da casa tomei
o rumo
não arrumei
nem pro fumo
por ter feito
esta cagada