Foto de Giancarlo M. de Moraes |
A
boca da noite mal tinha engolido o dia quando a lua cheia e vaidosa
veio cedo prateando as casas.
O silêncio também chegou logo depois do trato da bicharada. O vento não arriscou nem um sibilo, deixando que a prenda do céu deslumbrasse a paisagem.
Ainda não tinha chegado bem o frio mas uma aragem fazia as portas e janelas se manterem fechadas. No galpão, a cama do fogo-de-chão estava ainda com resquícios do último inverno.
Era a última fase da lua cheia antes das férias do meio do ano. Breve a gurizada estaria solta num grande alarido, fazendo com que quando a próxima lua cheia aparecesse, o silêncio sumiria.
Mesmo que as noites de lua clara fossem frias, as brincadeiras ao lado de fora das casas se prolongavam, muitas vezes, até com a participação dos adultos que se entreveravam, proporcionando risos causados pelos tombos malabarísticos daqueles mais velhos e gorduchos.
Assim iam se passando os dias que hoje nos trazem saudade, toda vez que a lua cheia desponta com a boca da noite.