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quarta-feira, 15 de março de 2023

DESASSOSSEGADO

No silêncio das horas

quando o mate faz costado

sinto o peito apertado

por falta de um aconchego

junto do fogo percebo

uma visão que se forma

vem para mim e retorna

pra tirar o meu sossego


Meu cusco arrepia o pelo

rosna mas não se levanta

lá fora um galo canta

sem ser hora de cantar

ouço a cambona chiar

sem do tempo ter noção 

e na brasa de um tição

vejo alguém a me espiar


Levanto e abro a janela

vejo  as estrelas e a lua 

vejo a coxilha nua

quem sabe louca de frio

ouço do vento o assobio

entre o galpão e o arvoredo

levando nele o segredo

num galopar bem macio


Afasto bem os tições

recosto a cuia e cambona

e minha alma se arrincona

enquanto o coração bate

e na pelegama de um catre

campeio em busca do sono

pra num sonho ser o dono

de uma parceira pra o mate


2 comentários:

  1. Um talento natural que brota da alma desse poeta, despojado de vaidades, consegue despertar às reminiscências de todo aquele que deixou suas pegadas na campanha. Parabéns pelos versos amigo Deroci Moraes

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