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sexta-feira, 23 de agosto de 2024

NUMA DAQUELAS TARDES

Numa daquelas tardes ensolaradas de domingo de primavera, as nuvens de lã de ovelha bordavam o campo com suas sombras.


Pequenas flores dançavam aproveitando o ritmo e o assobio do vento.

Na estrada, a poeira de um  solitário cavaleiro participava da dança. 


Um bando de minúsculas aves surgiu lá no horizonte, e num voo irregular contra o vento, ficavam maiores ao passo que se aproximavam do açude onde as nuvens de lã se espelhavam e também projetavam as sombras.


Da frente do rancho, o pai vigiava a gurizada que num corre corre frenético, à beira d'água, manejava os caniços, vez por outra fisgando lambaris que reluziam ao sol.


Numa daquelas tardes, lá estava eu.

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

AO TRANQUITO


Com as rédeas soltas

sobre as crinas cruzadas

ao passo na estrada

o taura se foi

e a velha carreta

de muitas jornadas

rodava cansada

seguindo os bois


E o sol declinando

no rubro poente

refletiu na corrente

da água do rio

levando o dia

pra mais um pernoite 

e na boca da noite

a boieira surgiu


E o taura montado

vislumbrava a silhueta

da velha carreta

no jugo dos bois

de arreio sovado

prosseguiu noite adentro

e num tranquito lento

assobiando se foi