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segunda-feira, 21 de abril de 2025

TEMPOS DE OUTRORA

À beira de uma antiga estrada,

"mora" a antiga fazenda,

rodeada por antigos cinamomos,

saudosa, tristonha 

e no abandono.


Antigamente, 

antigos amigos, 

em antigas carretas, 

de longe chegavam,

e entre mates e pitos,

ao pé do fogo, 

os antigos proseavam.


E os pais dentre as lidas,

faziam as crias

e nas guerras peleavam,

e os vôs, por antigas razões,

as armas portavam.


E as mães dentre as lidas,

embalavam as crias 

nos antigos berços,

e as vós, nos antigos oratórios,

com antigos rosários,

rezavam os terços. 

sexta-feira, 18 de abril de 2025

TEMPO ALHEIO

A casa era um tanto mais velha que o dono.

Fazia par com o galpão num permanente sono.

O dono, ainda com sentidos,

levava a vida entre chás e comprimidos 

e não usava mais esporas.

Valia-se de um bastão,

assim como tinham escoras,

a casa e o galpão.


Da casa, que fora amarela,

iam caindo as janelas,

e nas roupas do velho,

remendos lembravam elas.

Ele ainda usava chapéu,

e a quincha do galpão,

era um pedaço de céu.


A manivela do poço trocada,

por uma bomba ora emperrada.

A água fresca e cristalina,

não matava mais a sede da tina.

No jardim antigas  roseiras,

e as frutas das teimosas laranjeiras,

não eram iguais,

e a faca do velho não as descascava mais.


E o tempo alheio,

assim como veio,

alheio se vai.

E o velho, a casa e o galpão, 

com comprimidos, bastão e escoras, 

mesmo assim cairão!