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sexta-feira, 18 de abril de 2025

TEMPO ALHEIO

A casa era um tanto mais velha que o dono.

Fazia par com o galpão num permanente sono.

O dono, ainda com sentidos,

levava a vida entre chás e comprimidos 

e não usava mais esporas.

Valia-se de um bastão,

assim como tinham escoras,

a casa e o galpão.


Da casa, que fora amarela,

iam caindo as janelas,

e nas roupas do velho,

remendos lembravam elas.

Ele ainda usava chapéu,

e a quincha do galpão,

era um pedaço de céu.


A manivela do poço trocada,

por uma bomba ora emperrada.

A água fresca e cristalina,

não matava mais a sede da tina.

No jardim antigas  roseiras,

e as frutas das teimosas laranjeiras,

não eram iguais,

e a faca do velho não as descascava mais.


E o tempo alheio,

assim como veio,

alheio se vai.

E o velho, a casa e o galpão, 

com comprimidos, bastão e escoras, 

mesmo assim cairão!


5 comentários:

  1. Lindaça...como sempre inspirado...

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  2. Linda poesia, palavras que carregam sentimentos e muita vida vivida! Parabéns!

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  3. Gracias pelos comentários e pela visita. Voltem sempre. Abraço!

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  4. Bela poesia meu amigo. Como sempre marcando lembranças de um tempo antigo, para mostrar aos jovens com era nossa vida no campo.

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