Foto de Giancarlo M. de Moraes
Levantei fui pra janela,
para ver a bomba d’água,
pois a seca andava braba,
a chuva mudara o rumo,
o campo tava lobuno
não tinha pasto pra o gado,
o açude já torrado
água escassa pro consumo.
A terra exalou o cheiro
parece soltando o mofo,
a criação num alvoroço
naquele final de dia,
a piazada na folia
fazendo uma baita zoeira,
se banhando na goteira,
que do santa-fé escorria.
A chuva ia molhando
a melena do meu rancho,
eu ali como um carancho,
que fica rondando a presa,
apreciava a natureza
que se banhava faceira,
no barranco uma cachoeira
e na valeta a correnteza.
O dia se foi pra o berço,
chegou a noite molhada,
com a capa preta encharcada
e o chapéu bem desabado,
um ventito mui safado,
que veio por baixo dela,
assobiou na minha janela
pra ver se eu estava acordado.
Deitei ouvindo as trovoadas
que iam se distanciando,
o sono veio chegando,
fiz a oração costumeira,
dei um beijo na parceira,
assim já meio dormindo
e chegou um sonho lindo
na garupa da goteira!
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