Foto própria |
que lá pras bandas do povo
havia um morador novo
que abrira uma bailanta
que tinha cinco percantas
uma mais linda que a outra
e a farra corria solta
entreverada na dança
Aproveitei minha folga
pra bisbilhotar o surungoe num por-de-sol rubicundo
cerrei perna no gateado
cheiroso e bem pilchado
me enfurnei na campina
imaginando as chinas
retoçando pra o meu lado
Cheguei juntito com a noite
porém não fui o primeirose formava o entrevero
do macharedo na porta
e como não sou mosca morta
fiz a volta pelos fundos
e no estalar o surungo
já choveu na minha horta
Dancei a primeira marca
e me mandaram pra forapra que tirasse as esporas
e que pagasse a entrada
eu não gostei da mijada
mas me reservei na hora
e pendurei as esporas
contra o “S” da mi’adaga
Segui no mesmo tranquito
desenrolando o novelo
e alisando o cabelo
da morenaça crinuda
ela só fungava muda
mas o olhar dizia tudo
com os olhos de veludo
buena de dança e ancuda
Mas o ciúme é “cousa” triste
quando pega um descornadoe um piazito mijado
“co’a” canha encharcando a guampa
se avançou na “mi’a” percanta
como sendo o mandão
se coçando no facão
na coragem da água santa
Dei um trejeito no corpo
já protegendo a china
mandei um murro por cima
pra liquidar o retoço
testavilhou então o moço
mas se ajeitou novamente
e o facão reluzente
procurou o meu pescoço
Mais preocupado com a china
tava me vendo malito
meio no escuro e solito
e num aperto danado
passei ela pra o outro lado
ajeitando a ossamenta
e dei de mão na ferramenta
pra furar o desgraçado
Quando puxei a adaga
as esporas vieram junto
e resolvi o assunto
encolhendo um pouco o braço
mas segui batendo aço
porque a “cousa” tava feia
me esquivei numa volta e meia
e mandei certeiro um pontaço
E mesmo assim na penumbra
vi o sangue coloreando
o tal ciumento roncando
como porco na sangria
eu me mandei “a la cria”
antes de romper a aurora
e pra procurar as esporas
quem sabe volto outro dia
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