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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

GRAÇAS A COBRA




Um dos meus compadres que, aliás, como todos os outros que tenho, não se apertava assim no más. 

Certa feita, se não fosse destorcido e de presença de espírito, estaria à beira da estrada até quem sabe, passasse um cristão para dar uma mãozinha pra que solucionasse o problema, que para ele até que não foi lá tão um problema.

Pois ia meu compadre esse dirigindo seu jipe, com tração nos quatro cascos, de sua casa em direção à vila, numa tarde “véia” “loca” de quente, quando um dos pneus furou justamente numa parte da estrada que não tinha nem uma moita de alecrim que desse uma sombra. Era um trecho entre pontes em um banhado, com lavoura de arroz pelos dois lados.

Pelou a camisa e foi dando jeito de substituir o pneu pelo “istrepe” mas se deu mal. Tava murcho, sem condições de uso.

Sentou-se à sombra do jipe, secou o suor do rosto e do peito com a própria camisa, prendeu fogo num palheiro, dando um tempo pra que pegasse o pneu pra ir até o borracheiro junto ao posto de gasolina, que dali de onde ele estava, dava de três e meio a quatro quilômetros.       

Baixou as cortinas do jipe, e saiu rodando o “istrepe” murcho.

Tinha andado nada mais do que quinhentos metros quando uma cobra jaracuçu iniciou a travessia da estrada, bem a sua frente. Mas era a cobra!

O compadre olhou para os lados na esperança de achar um porrete pra matar aquele monstro rastejante, mas nada, nem uma pedra.

Resolveu atropelar a cobra com o “istrepe”. Esperou quando a bicha se estendeu no meio da estrada, alinhou o pneu e mandou certeiro sobre ela.

“Virge” nossa, a cobra ao sentir-se esmagada botou-lhe o dente no pneu que deu mais umas duas voltas e caiu. A cobra relutou um pouco enroscada mas depois deixou a estrada e sumiu por entre os pés de arroz.

Meu compadre vendo que não havia mais perigo foi juntar o pneu, e para surpresa dele, o pneu estava inchado pelo veneno da cobra.


O índio velho no más voltou, substituiu o pneu furado pelo pneu inchado e foi tranquilito até o borracheiro.

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