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quarta-feira, 19 de março de 2014

ORAÇÃO CAMPEIRA DE SÃO FRANCISCO










Patrão Celestial: 
fazei de mim um violão, um pandeiro, uma gaita ou qualquer instrumento do Teu Pacífico Conjunto.
Onde tiver Ódio que eu toque o Amor,
onde tiver Ofensa, que eu dedilhe o Perdão,
onde tiver Discórdia, que eu faça um ritmo para Unir,
onde tiver Dúvida, que eu entoe  a Fé,
onde tiver Erro, que eu cante a Verdade,
onde tiver Desespero, que eu recite a Esperança,
onde tiver Tristeza, que eu faça que dancem com Alegria,
onde tiver Trevas, que eu execute acordes de Luz!

Ó Divino Maestro,
faça com que eu toque mais para:
consolar do que ouvir consolo;
aceitar, do que ser aceito;
dar mais carinho, do que ser acariciado.
Pois é tocando que sé é ouvido.
Desculpando que se é perdoado e
quando desafinar, mesmo assim, que eu possa tocar Eternamente!
Gracias!

terça-feira, 11 de março de 2014

... DAS IDAS NA VENDA


Te enforquilha no petiço
e vai na venda do Chico
pra trazer mais umas compras
diga que mande o de sempre
e uma pura pra enxaguar os dentes
que depois acerto a conta

Vê aí com a tua velha
o que precisa pra ela
e também pra tua mana
pra ti escolhe uma bombacha
se quiser umas bolachas
e umas balas de banana

Diz também lá para o Chico
que mande aquele bico
que escolhi pro caçula
e um vidro do xarope
que é um tiro pra tosse
conforme eu li na bula

Compra uma corda sisal
que dê pra fazer um buçal
pra enfeitar o petiço
vê se tá pronta a camisa
diz que fumo não precisa
porque já larguei do vício

Te cuida lá no passinho
cruza bem devagarinho
na volta principalmente
levanta o petiço no freio
te firma bem no arreio
que não baixou bem a enchente

Eu também quando guri
muito passei por ali
seguro no serigote
a venda era do pai do Chico
de onde eu trouxe tantos bicos
e muitos vidros de xarope

terça-feira, 4 de março de 2014

PRA ME ENROSCAR NUM ABRAÇO

Foto própria


Os palanques da porteira,
me deram tiau quando vim,
até a malha de taquara,
também acenou pra mim.
Uma rajada de vento,
quis tirar o meu chapéu
e as nuvens derramaram,
suas lágrimas lá do céu.

Busquei a volta do zaino
e me enforquilhei no basto,
meu lenço juntou as pontas,
como deixando um abraço,
meu poncho enganchou no arame,
com vontade de ficar,
minha mãe correu pra dentro
e se escondeu para chorar.

Ralhei com o meu cachorro,
pra que voltasse pra casa
e a saudade caborteira,
já queimava como brasa.
Como é duro partir
e deixar nossa morada,
são os caprichos do destino,
que nos levam para a estrada.

Um dia é certo que volto,
pisando no próprio rastro,
pra reencontrar minha gente
e me enroscar num abraço!