Numa manhã após a forte
cerração, o sol ao refletir seus raios pelo campo, as macegas ainda guardavam
pequenas gotas que reluziam qual vidrilhos.
Montando seu petiço “Cigano”
o piá seguia no trilho que fora capinado pelo casco do próprio animal nas idas e
vindas do dia a dia para a escola.
Quebrou um pedaço da vara
de alecrim que usa como “rebenque” e colocou na boca fantasiando um palheiro
que fumegava com a fumacinha do bafo causado pelo frio. O petiço também baforava
mas não fumava, só mascava o freio.
De vez em quando a manga
do casaco era usada para limpar a melequina que escorria do nariz e insistia
entrar na sua boca.
Retorceu-se nos pelegos
para ver se o focinho do petiço também pingava. Só viu a baba espumando no
canto da boca a escorrer pela barbela do freio.
Uma perdiz, já com o
motor aquecido, resolveu exercitar as asas e alçou voo bem abaixo do focinho do
“Cigano” provocando um susto e fazendo com que negasse para um dado, se
empinando saindo do trilho e virando a cabeça na direção do rancho pronto para
disparar.
Aquele resto de “rebenque”
baixou pela anca do petiço levantando fumaça enquanto a rédea era sofrenada com
perícia de campeiro e o xingamento rústico num linguajar chulo.
Tudo resolvido, petiço no
trilho novamente com a cabeça rumo à escola, o piá ajeitou o chapéu e o
corta-passo que trazia a meia espalda e resmungou novamente com o “Cigano”
dizendo:
- COMIGO NÃO BICHO VÉIO,
AQUI TEM BRAÇO!
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