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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

APARIÇÃO


O dia foi meio turvo,
a noite chegou num breu,
e recolhido ao meu eu,
campeava o sono num catre.
De repente o cusco late,
em direção a cancela.
Espiei pela janela
e avistei com espanto,
uma mulher toda de branco,
trazendo acesa uma vela.

Senti um arrepio no corpo
e ressecou minha garganta.
Representou-me uma santa,
passando para o galpão
e daquela vela na mão,
que tinha um pavio comprido,
caíam pingos coloridos,
que reluziam no chão,
formando um longo cordão,
junto a cauda do vestido.

Levitou por um momento,
ficando lá, sobre o forno
e veio um perfume morno,
como se fosse um incenso.
Numa rajada de vento,
sumiu pelo arvoredo.
Juro que não senti medo,
pois eu tenho devoção,
iniciei uma oração,
assim encruzando os dedos.

Rezei três Ave Marias,
um Pai Nosso e um Glória ao Pai.
A tal mulher não vi mais,
porém continuei rezando.
Depois fiquei meditando
e não quis ir ver lá fora.
Me pergunto até agora,
ainda meio bisonho,
será que eu tive um sonho,
ou foi mesmo Nossa Senhora?

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