Há
muito tempo, um avô falava para o neto sobre aquele tempo em que todos tinham
tempo.
Mesmo durante as revoluções, achavam tempo para tomar um mate, falar do tempo e dar um tempo para avançar ou recuar.
Tempo que o fio de bigode era documento.
Tempo que fez com que sua melena ficasse branca e rala e ele teve tempo para notar.
Tempo que teve tempo para amar a prenda, para fazer muitos filhos, (pois era um tempo em que se podia ter muitos filhos).
Tempo para cuidar dos negócios e ainda tempo para domar os cavalos.
Assim, aquele avô passou um bom tempo falando com o neto, aproveitando que o neto ainda tinha tempo para ouvir sua prosa relatando como era naquele tempo.
Passado algum tempo, o tempo levou o avô e depois de um tempo, o neto pediu ao pai para que contasse alguma coisa sobre o tempo em que foi guri, porém a resposta do pai foi de que não dispunha de tempo.
Com o tempo, o neto teve um filho e o seu tempo não deu tempo para repassar aquelas histórias que há muito tempo seu avô contava sobre o tempo dele.
Hoje, o filho do neto nada sabe sobre o tempo de seus antepassados e passa o tempo todo reclamando do tempo que o computador demora para lhe dar a resposta.
O jeito é termos paciência e aguardar nossa hora chegar, pois esta chegará mesmo que não tenhamos tempo.
Aquele tempo se foi com o tempo.
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