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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

NA ESPERA

Domingo “matiei” solito,
segunda-feira também.
Terça só uns três mates,
na quarta não tinha ninguém.
Quinta dois e mais dois,
sexta chegou a prenda:
- O resto conto depois !


segunda-feira, 28 de setembro de 2015

BATENDO CAROÇO

Foto de Ariomar F. Martins (o atleta é o meu pai, seu Antão com 95 anos de idade).

Um balim de referência,
quatro rigas e quatro lisas,
campo fora sem divisas
ou num plano do terreiro,
de mano ou de companheiro
velhos tronqueiras e moços,
vão batendo caroço
por canha ou por dinheiro.

A bocha vale dois pontos
e a partida vinte e quatro.
Numa tábua com buracos
que tem a numeração,
é feita a marcação
pelo próprio bolicheiro,
naquele placar campeiro
que todos prestam atenção.

Assim é o jogo de bocha
no reduto de um bolicho.
Por dinheiro é no capricho
e mais atenção no jogo,
que se inflama e pega fogo
no decorrer da partida,
por vezes as bochas medidas
pra se evitar algum logro.

Se o trato é por um trago,
o jogo é mais folgado,
vai deslanchando flauteado
com alarido e torcida.
A bocha é curta, é comprida
e patacoadas da hora
e muitos que estão de fora
dão piruadas na partida.

Bate a do ponto pra seis
diz um parceiro pra outro.
Deixa pra mim que sou canhoto,
responde quase num berro,
eu atiro como quero,
pacholeia bem afoito,
vou trocar ela pra oito
porque pra o fora não erro.

A bocha fica no ninho
e a partida está ganha,
vem logo o liso de canha
que bebem se divertindo.
Quem ganha flauteia rindo
em meio ao alvoroço,
é assim que batem caroço
pelos bolichos aos domingos!


sexta-feira, 25 de setembro de 2015

GENTE, OLHA O SINAL !

Foto de Giancarlo M. de Moraes

A primavera no seu dia
chegou bem “enferruscada”
e pra banda da madrugada,
a chuva então se veio
e muita água caía,
mais do que era preciso
com ventania e granizo
num temporal muito feio.

Hoje se fala no El Niño
e em La Niña também,
a natureza porém,
está respondendo a agressão.
Tomamos outros caminhos,
talvez por míseros vinténs,
alguém sempre culpando alguém,
mas que diacho: e a razão?

Temo-nos por mais inteligentes,
de todo o reino animal,
então porque afinal
querer tirar o corpo fora?
Sejamos todos conscientes
e entendamos o sinal
que o Patrão Celestial
já “nos’tá” fazendo há horas.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

SIÁ LAURINDA

Morreu a Siá Laurinda
sem saber qual sua idade
sem conhecer a cidade
sem ter filhos nem marido
com o coração repartido
entre o amor e a bondade

Ninguém sabia de onde
era sua procedência
mas conheciam sua ciência
através das benzeduras
dos chás e de suas curas
pela Divina Providência

Miles de partos atendeu
sem cobrar nenhum tostão
nem nunca deixou pagão
a quem por suas mãos viu a luz
e sempre em nome de Jesus
abençoava o cristão

(. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .)

Hoje as daninhas tomam conta
da farmácia do terreiro
seu consultório campeiro
só com a metade em pé
onde as curas pela fé
não quiseram ter herdeiro

Com certeza Siá Laurinda
descansa no céu agora
talvez relembrando a flora
que usou em sua medicina
e na Querência Divina
faz chá pra Nossa Senhora