Foto de Jorge Luiz Laranjeira |
Como era bom naquelas tardes
de domingo,
que a gurizada se juntava
pra brincar,
correr carreira em petiços
de taquara,
virar “cambota” na areia e
se rolar.
Como era bom preparar bem um
caniço,
encher um porongo de
minhocas e ir pescar,
molhar o barranco lá da
sanga do potreiro,
deitar no barro pra depois
se “resbalar”.
Como era bom trançar um laço
de embira,
o doze braças ferramenta do
campeiro,
de tardezita quando o sol
dependurava
era uma farra para prender
os terneiros
Como era bom sair melando
lixiguana
e correr lebres de folia com
a cuscada,
calar a faca numa melancia
madura,
mais saborosa quando ela era
“roubada".
Como era bom naquelas tardes
chuvisquentas,
lá no galpão muita galhofa e
brincadeira,
fogão campeiro engasgado de
angico,
e o bolo frito abarrotando a
frigideira.
Como era bom depois que a
chuva passava,
ir pra janela que tinha no
oitão da casa,
como era bom ver passarinhos
e galinhas,
no “já-te-pego” com as
formigas de asa.
Como era bom nas noites de
lua cheia,
quando a cuscada não parava
de uivar,
sempre saía um “corajoso”
para fora,
pra ser mais homem e depois
se pacholear.
Como foi bom ter vivido
assim lá fora,
e hoje ter algumas coisas pra
contar,
que se aninham num cantinho
da memória,
e que nos fazem ora sorrir,
ora chorar!
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