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segunda-feira, 16 de setembro de 2019

DO CANTINHO DA MEMÓRIA

Foto de Jorge Luiz Laranjeira


Como era bom naquelas tardes de domingo,
que a gurizada se juntava pra brincar,
correr carreira em petiços de taquara,
virar “cambota” na areia e se rolar.

Como era bom preparar bem um caniço,
encher um porongo de minhocas e ir pescar,
molhar o barranco lá da sanga do potreiro,
deitar no barro pra depois se “resbalar”.

Como era bom trançar um laço de embira,
o doze braças ferramenta do campeiro,
de tardezita quando o sol dependurava
era uma farra para prender os terneiros

Como era bom sair melando lixiguana
e correr lebres de folia com a cuscada,
calar a faca numa melancia madura,
mais saborosa quando ela era “roubada".

Como era bom naquelas tardes chuvisquentas,
lá no galpão muita galhofa e brincadeira,
fogão campeiro engasgado de angico,
e o bolo frito abarrotando a frigideira.

Como era bom depois que a chuva passava,
ir pra janela que tinha no oitão da casa,
como era bom ver passarinhos e galinhas,
no “já-te-pego” com as formigas de asa.

Como era bom nas noites de lua cheia,
quando a cuscada não parava de uivar,
sempre saía um “corajoso” para fora,
pra ser mais homem e depois se pacholear.

Como foi bom ter vivido assim lá fora,
e hoje ter algumas coisas pra contar,
que se aninham num cantinho da memória,
e que nos fazem ora sorrir, ora chorar!

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