Nos sábados de tardezita
dou de mão na minha guitarra
pra me entreverar na farra
na tasca da tia Caturra
onde a gente se
empanturra
de vinho doce e cachaça
e sacudindo a carcaça
se dança e se lava a
burra
O gaiteiro é o Mão de
Ouro
pra quem eu faço um
costado
o Zé Rato turbinado
dá-lhe tapa num pandeiro
o Laranja no legueiro
dá paulada e se sacode
e o velho Chico Bigode
fumaceia um palheiro
As chinas se refestelam
balançando o recavem
dar carão nunca faz bem
é sinônimo de peleia
o sangue ferve na veia
num beijito traiçoeiro
onde a luz do candieiro
num canto pouco clareia
Na caixa a tia Caturra
não se descuida no troco
que pra ela sempre é
pouco
pois por dinheiro é
“chorona”
de sovina tem diploma
pós-graduação e mestrado
e ainda concluiu DOUTORADO
na Faculdade da Zona
Na copa o Grilo e o Toco
se desdobram no balcão
vez por outra um beliscão
num caneco alouçado
pra dar conta do recado
e da goela tirar o pó
e a Tia Caturra sem dó
com um olhar dá o recado
A noite vai se esvaindo
a madrugada se aproxima
o sono tenteia a china
que já tá embaixo “d’asa”
e o xiru aproveita a vaza
faz uma proposta no
ouvido
daquelas que faz sentido
quando o corpo vira brasa
O sol chega de manso
junto com a última marca
então o xiru “acarca”
o apertão de despedida
na copa continua a lida
com o ritual da saideira
e a tia Caturra
sorrateira
com a gaveta entupida
Nenhum comentário:
Postar um comentário