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quarta-feira, 1 de julho de 2020

NA TASCA DA TIA CATURRA



Nos sábados de tardezita
dou de mão na minha guitarra
pra me entreverar na farra
na tasca da tia Caturra
onde a gente se empanturra
de vinho doce e cachaça
e sacudindo a carcaça
se dança e se lava a burra

O gaiteiro é o Mão de Ouro
pra quem eu faço um costado
o Zé Rato turbinado
dá-lhe tapa num pandeiro
o Laranja no legueiro
dá paulada e se sacode
e o velho Chico Bigode
fumaceia um palheiro

As chinas se refestelam
balançando o recavem
dar carão nunca faz bem
é sinônimo de peleia
o sangue ferve na veia
num beijito traiçoeiro
onde a luz do candieiro
num canto pouco clareia

Na caixa a tia Caturra
não se descuida no troco
que pra ela sempre é pouco
pois por dinheiro é “chorona”
de sovina tem diploma
pós-graduação e mestrado
e ainda concluiu DOUTORADO
na Faculdade da Zona

Na copa o Grilo e o Toco
se desdobram no balcão
vez por outra um beliscão
num caneco alouçado
pra dar conta do recado
e da goela tirar o pó
e a Tia Caturra sem dó
com um olhar dá o recado

A noite vai se esvaindo
a madrugada se aproxima
o sono tenteia a china
que já tá embaixo “d’asa”
e o xiru aproveita a vaza
faz uma proposta no ouvido
daquelas que faz sentido
quando o corpo vira brasa

O sol chega de manso
junto com a última marca
então o xiru “acarca”
o apertão de despedida
na copa continua a lida
com o ritual da saideira
e a tia Caturra sorrateira
com a gaveta entupida





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