Páginas

Marcadores

terça-feira, 14 de julho de 2020

PLANTANDO UMA MORADA


Eu gostava do lugar
desde o tempo de piazito
era um recanto bonito
pra plantar uma morada
bem na volta da estrada
num sentado de campo
com o mato fazendo canto
contra a boca da picada

Cresci e comprei a terra
do filho do seu Totonho
para realizar o sonho
de quando era guri
fechei os olhos e vi
tudo bem como eu queria
e graças a Deus veio o dia
de fincar meu rancho ali

Comprei seis toras de angico
do mato do seu Felício
e falquejei a capricho
pra o rancho ficar de pé
mil feixes de santa-fé
tudo por uns vinte contos
e rolos de arame ponto
pra se amarrar como é

Fiz cacimba no olho d’água
com um carneiro que bate
pra garantia do mate
e a sede do bicharedo
no lado esquerdo o arvoredo
por causa dos temporais
e algumas plantitas mais
todas escolhidas a dedo

Um carreiro de cinamomo
uma baguala figueira
sombreando na mangueira
e um Tarumã no potreiro
Quero-quero e João-barreiro
galpão com fogo de chão
pra o churrasco e o chimarrão
e a prosa com os parceiros

Tá tudo como eu queria
só falta o coração
se domar numa paixão
e deixar de ser caborteiro
me despedir de solteiro
me amarrar com uma prenda
da cegonha uma encomenda
pra brincar no meu terreiro

2 comentários:

  1. Meus PARABÉNS meu grande amigo, poesia autêntica e campeira, demonstra a vivência do campo , relatando a realidade da campanha.
    GRANDE abraço. ������

    ResponderExcluir