Páginas

Marcadores

domingo, 11 de julho de 2021

LAVANDO A SAUDADE

Alguns meses se passaram
sem que pudesse ir lá fora
e hoje me mascarei
porque houve uma melhora
mas lambuzei as mãos no gel
se não a coisa piora

Enganchei no ombro a mala
com erva pra o chimarrão
charque pelanca e torresmo
pra caprichar um feijão
arroz café e açúcar
e farinha pra fazer pão

Quando cheguei na porteira
nem parecia verdade
mas meus olhos patrulhando
cada vez com mais vontade
foram derramando lágrimas
para lavar a saudade

Muitas folhas pelo chão
e muitos galhos caídos
meu rancho todo fechado
parecia aborrecido
mas quando abri a porta
fui saudado com um rangido

Tudo estava direitinho
conforme havia ficado
a não ser cheiro de mofo
e os trastes empoeirados
e teias de aranhas penduradas
como se fosse um bordado

Abri a porta dos fundos
dando alívio pra tramela
também dispensei as trancas
que prendiam as janelas
para que o sol e o vento
entrassem por todas elas

Me senti agradecido
naquele lugar bendito
de mãos dadas com a prenda
a contemplar o infinito
onde o ar é bem mais puro
e o céu mais que bonito

Outro dia irei de novo
para sair do sufoco
confinado em apartamento
periga se ficar louco
mas com a graça de Deus
tudo se ajeita aos pouco


Nenhum comentário:

Postar um comentário