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quinta-feira, 9 de setembro de 2021

INDO EMBORA A ENCHENTE

Foto de Eron Oliveira da Silveira


Pra banda de outras querências
as nuvens seguiram cheias
acumulando nas veias
o seu sangue natural
e o astro maioral
que há dias tava mesquinho
achou de novo o caminho
apesar do temporal

As águas foram baixando
indo embora a enchente
e o gado lentamente
desce pra várzea pastando
os quero-queros revoando
no tenteio de um petisco
e um pato picaço arisco
passa por longe se espiando

As garças parecem fracas
voando contra o vento
e com jeito de sonolento
um socó chega de viagem
refletindo a imagem
numa água represada
as marrecas enfileiradas
retocam a maquiagem

Um “ocalito” solitário
se espanejando ao vento
nas grimpas um carancho atento
aos caramujos do lagoão
e dentro de um valetão
cardumes encurralados
e um canarinho arranchado
na casinha “dum” moirão

E vai mudando o cenário
pra voltar tudo ao que era
e a várzea fica na espera
por um dia, dois ou três
quem sabe se até um mês
um ano ou mais um pouco
para que o rio fique louco
vindo pra ela outra vez

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