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segunda-feira, 22 de novembro de 2021

FIM DE LIDA



O dia perdeu o brilho,
naquela tarde de outono,
a noite chegou sem sono,
silenciosa e com cautela,
sobre a mesa quatro velas,
iluminaram o caixão,
onde o espírito do patrão,
lhes deixou de sentinelas.

Ficou um vazio na estância,
com a partida do patrão.
Sentido, o mais humilde peão,
os demais e o capataz.
A família se refaz,
na solidariedade de amigos
e na lápide do jazigo,
um epitáfio de paz.

Foi mui bueno o homem velho,
tinha um coração gigante,
tratava seus semelhantes
com carinho e com respeito,
pra tudo achava um jeito
sem cometer desagrado,
e lenço branco ou colorado,
davam-se bem no seu peito.

Quis o Patrão Celestial,
que ele fosse pra lá,
pois pelos pagos de cá,
sua missão fora cumprida,
rebenqueou a sua lida
pelos campos da existência,
repontando com consciência,
os afazeres da vida.

Com certeza hoje é uma estrela,
que se tornando cadente,
declina reluzente,
guiando a todos peões,
ou então pelos galpões,
ouça as prosas e faça rondas,
ou talvez seja milongas
dedilhadas nos violões.

Na moldura de um retrato,
sorridente e bem pilchado,
sempre será relembrado,
o homem simples que viveu,
seu espírito não morreu,
só deixou de ser patrão,
para ser um novo peão,
ou o Capataz de Deus!

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