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terça-feira, 25 de março de 2025

NO TEMPERO DA FUMAÇA

 Madrugando no galpão 

mateia solito o Taura

envolto pela aura

do clarão da lavareda

e o tempo numa vereda

engarupado na fumaça 

pelas frestas ronda e passa

como um novelo de seda


É da rotina da lida

o viver em um galpão 

é parte do coração 

vida vivida que passa

é o tempero da fumaça 

é o aconchego campeiro 

é o rancho hospitaleiro 

essência de fibra e raça


Quebrando aquele silêncio 

a velha cambona chia

e o oh de casa! do dia

vem com o rei do terreiro 

o crepitar do braseiro 

desprende faíscas vivas

lendária herança nativa

do fogonear galponeiro


domingo, 9 de março de 2025

AGREGATA

 Apareceu no galpão 

uma gatinha magricela 

dava pra contar as costelas

arisca e assustada

por sorte a cachorrada

quando ralhei atendeu

e a bichinha se encolheu

mostrando os dentes e arrepiada


Fui tenteando pra pegar

com jeito carinho e calma

com o comando da alma

e a dó no coração 

sem condenar a intrusão 

daquele ser no abandono

fui me sentindo o dono

pra aquerenciar no galpão 


E é no galpão que ela fica

bisbilhotando e atenta

tem um "quê" de ciumenta

quando pra o cusco dou mimo

vem com um dengoso gimo

se roçar na minha canela

e ao dar mimo pra ela

mais de Deus me aproximo