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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

UM DIA NO CAMPO


Foto de Giancarlo M. de Moraes

Um arreio cinchado,
um cavalo garboso
e um peão decidido
se manda pra lida.
Um relho no pulso,
os cachorros vão juntos,
um sol clareando
mais um dia na vida.

O laço no tento
aguarda o comando,
pra buscar um toruno
que se mandou a la cria,
o cavalo é campeiro
o peão é matreiro,
vai levando na rédea
o boca macia.

Num cano de bota
preso no arreio,
cheirando bem forte
vai o “creolim”.
Recorre invernadas,
bixeiras curadas,
o gado sadio remoe o capim.

De volta pras casas,
no mas desencilha,
o cepo lhe espera
no velho galpão,
o zaino espumando,
suado e inquieto,
um tição fumaceia
num fogo de chão.

A cambona chiando
pronta pro amargo,
na cuia erva buena
enfeita o porongo
e uma canha da pura
refresca a guela
num trago bagual
de arrepiar o lombo.    

Mateando repassa
no seu pensamento,
lidas e amores,
passado e presente,
neste devaneio,
no sabor do mate,
a saudade queima
como a água quente.

A lida campeira é coração e alma,
o berro do gado uma melodia
rancho, prenda, arreios, cavalos
também fazem parte desta sinfonia.

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