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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

TIRÃO NO PEITO

Foto de Giancarlo M. de Moraes

Cada palanque da estrada,
que ia ficando pra trás,
era mais uma lembrança.
Até meu zaino puxava,
com toda força o ar puro,
um “recuerdo” da estância.

Meu cusco dei pro compadre,
apesar do sentimento,
mas não tinha outro jeito.
Cada torrão da estrada,
cada moita de capim,
era um tirão no meu peito.

Lá do alto da coxilha,
parei e olhei pra o rancho
e os olhos não aguentaram.
Vi o vulto do meu velho,
vi o arvoredo e a sombra
e senti que me acenaram.

Vou morar em outro pago,
vou viver noutra querência,
estou mudando o rumo.
Levo a confiança no braço
e a certeza na garupa,
que um dia destes me aprumo.

Virei a mala do avesso,
pra que a saudade ficasse,
na poeira da estrada,
mas ela é caborteira,
veio comigo sorrateira,
mesmo com a mala virada.

Por que a vida é assim?
Por que não dá pra ficar
e termos que ir embora?
Mas aceito e me conformo,
só em Deus ter permitido,
de eu ser cria lá de fora!

2 comentários:

  1. Não acredito que tenha saído de sua terra amada!!!!!!!!!!!!!

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  2. Continuo firme na Querência. Obrigado pela visita. Um grande abraço!

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