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terça-feira, 5 de novembro de 2013

CACIMBA

Desenho próprio
Um espelho no olho d’água
contra o barranco da sanga,
onde se miram pitangas
araticuns e ingás
e um pé de cambará
abana-te preguiçoso,
junto ao canto melodioso
da garganta do sabiá.

A tabatinga vermelha
forma a tua moldura,
abençoada água pura
que vem de dentro do chão,
bebi no meu chimarrão
de tardezita sentado
e aqui às vezes “acocado”,
bebi na concha da mão.

Nesta fonte cristalina,
mais de uma vez por dia,
os porongos eu enchia,
quando pequeno aqui
e me mirava em ti,
pelo rosto a mão passando
pra ver se estava despontando
a barba neste guri.

Nunca esquecerei cacimba
que esta água corrente,
matou a sede da gente,
por muitos anos a fio
e sinto até um arrepio,
de te encontrar novamente
e saber que és a mesma vertente
que o bisavô descobriu.

Hoje voltei outra vez
para matar a saudade
e saciar a vontade,
num gole bem macanudo,
pois eu sei que farás tudo
pra refrescar o guri,
que agora se mira em ti,
porém crescido e barbudo!

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