A sanguinha deslizava preguiçosa num espraiado de areia dentro do potreiro, logo na saída do mato.
Ali era "adonde" os animais se juntavam pra matar a sede, as garças e
os socós tenteavam os minúsculos lambaris prateados e a gurizada arrastava a
barriga na água rasa como se estivessem nadando no próprio oceano.
As cigarras ocupavam o espaço aéreo, qual pequeninos helicópteros. Às vezes se
perseguiam e disputavam o pouso na ponta de uma vara seca de alecrim.
Dentro do mato, na vertente, a cacimba junto a barranca, recebia os porongos
gulosos que borbulhavam ao engolir aquela água cristalina para depois
regurgitarem na gorducha talha que morava no canto da cozinha e dela para as
chaleiras e cambonas, para o feitio da boia ou ceva do mate.
A sanguinha ainda continua preguiçosa apesar da pressa do tempo.
Belíssimo, Moraes! Me lembra os tempos de guri, lá na Boca do Monte.
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