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terça-feira, 26 de abril de 2022

RESOLVIDO





Foi na cancha do Espinilho

minha última carreira

porque a minha parilheira

vinha com luz de pescoço

e o filho do João Caroço

trapaceiro e emborrachado

abanou um lenço colorado

e a égua se abriu seu moço


O julgador outro maula

com um sorriso entre os dentes

considerou um acidente

e me brindou com a derrota

puxei do cano da bota

uma língua de chimango

e qual um touro berrando

fui resolvendo a lorota


E peleando ali solito

não me escapei de uns pontaços

nos dedos nas mãos nos braços

mesmo eu sendo ligeiro

mas no borracho trapaceiro

que era o motivo da encrenca

mandei-lhe um golpe na penca

estrebuchando o baixeiro


Cansado peguei a estrada

entre arrependido e satisfeito

mas era o meu o direito

de reclamar da trapaça

nem deixar passar de graça

aquele baita desaforo 

de um fiofó de cachorro

na conserva de cachaça


Já nas casas fiz um mate

e fiquei ali pensativo

em botar o pé no estrivo

e explorar a geografia

mudar de ares um dia

cruzar a-lo-largo a porteira

quem sabe até a fronteira

numa vereda consciente

pra se dar conta o vivente

de que a vida é passageira


A égua botei no brique

e em carreira não me meto

vou sossegar o esqueleto

no costado das percantas

quem sabe lá pelas tantas

tenha um amor verdadeiro

um ranchito hospitaleiro

junto de uma alma santa

7 comentários:

  1. Muito linda parceiro como outras que escreveste

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  2. Que beleza de carreirada de cancha reta. E o índio velho que não leva desaforo pra casa.. belo causo de um cenário gaúcho. Parabéns meu amigo.

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  3. Também troquei de ramo quando meu cavalo(Rachid) um PSI tirou um terno com duas luzes de folga e na final se afrouxou e perdeu
    Para um baio mestiço. Então “fechei a firma”. Abcs Tatsch

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  4. Muito bom. Parabéns.abraço

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  5. Parabéns, muito lindo!

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