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terça-feira, 19 de abril de 2022

PORÉM CAMPEIRO

 


Existe uma cruz cravada
numa covanca de grota
aonde bateu as botas
um índio xucro e guapo
quando rodou o picaço
e o pé prendeu no estribo
passando assim o recibo
de ida do peão Nicácio

Não gostava de apelido
e quando alguém lhe chamava
já nos "talher" se coçava
promovendo um esparramo
e tal um leão africano
fazia botar respeito
resmungando a seu jeito
num gaguejar castelhano

De fato era resmunguento
queixo duro e emburrado
e além disso desconfiado
pão duro e unha de fome
um jeitão de lobisomem
quase dois metros de altura
um e noventa de cintura
e força de uns cinco homens

Melena tapando os ombros
um palmo e meio de barba
chapéu preto de aba larga
sobre o queixo palanqueado
num barbicacho sovado
na polvadeira e no suor
e um bigodão bem maior
que conta de individado

Namoro não se ajeitava
nem mesmo com prenda feia
era dura a peleia
pra que alguma se achegasse
e como se não bastasse
o tamanho do vivente
tinha falta de dois dentes
e um narigão de três faces

Porém campeiro era ele
e campeão das madrugadas
não refugava parada
nem adulava patrão
foi legenda de galpão
foi um taura destemido
vulgarmente conhecido
BICHO FEIO GRANDALHÃO









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