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sábado, 9 de dezembro de 2023

UM SURUNGO DE RESPEITO

Botei uma encilha a capricho

vesti uma pilcha de gala

engarupei o meu pala

e me benzi no bolicho


Segui num trote marchado

"sombrero" tapeado ao vento

e dentro dele o pensamento

nas chinas lá no povoado


O sábado prometia

que a noite ia ser baguala

daquelas de encher a sala

se misturando com o dia


Dos quatro pontos cardeais

viriam chinas as pencas

e com elas as encrencas

e algumas "coisitas" mais


Uma gaita de oito baixos

fez convite pra um legueiro

se acenderam os candieiros

e se assanharam os

machos


Na copa ninguém ficou

nem pensavam em peleias

e até para as mais feias

um "ossito" também sobrou


A voz de um missioneiro

ultrapassou a fronteira

na sala levantou poeira

e a lua clareou o terreiro


As botas batiam taco

e se arrastavam as "alpargatas"

e lindas chinas mulatas

já debaixo do sovaco


Os pares num tom brejeiro

se ajeitando aos pouco

na copa voltou o sufoco

mas se alegrou o copeiro


Servia licor pras chinas

e para os machos cachaça

pros velhos tinha bolacha

e "una sopa de gallina"


O gaiteiro não se entregou

nem o cuera do legueiro

e o cantador missioneiro

cantando se debochou


Um surungo de respeito

de se "sacar el sombrero"

e os mortos no terreiro

no outro dia deram um jeito








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