Identifica-se de longe
um taura pelo chapéu
pois desde que céu é céu
a cabeça é seu trono
mantendo o velho entono
sem preconceito nenhum
e cada chapéu um por um
é bem a cara do dono
És parceiro da guaiaca
da bota e da bombacha
sobre a melena te encaixas
por vezes meio tapeado
de vez em quando fincado
conforme a situação
ou levantado com a mão
para um buenas bem largado
Vais comigo para o povo
e para a lida também
e na cabeça de alguém
te ajeitaste soberano
mostrando ser veterano
nestas volteadas de amor
sombreando a linda flor
que a trança estava enfeitando
És a peça da pilcha
que me limita com o céu
meu companheiro chapéu
que uso a qualquer hora
desde a copa até a espora
tu abrigas um índio macho
que firma teu barbicacho
pra o vento não te levar embora
Acenaste para a prenda
na hora que ela partiu
e da cabeça saiu
torcendo pra parelheira
até abanaste a poeira
que levantava das patas
e te recheou de patacas
quando ganhei a carreira
Um dia quando eu me for
lá pra morada do céu
não vou te deixar ao léu
atirado à solidão
na hora de cruzar as mãos
engancho teu barbicacho
pra ir de copa pra baixo
na tampa do meu caixão