Foto de Gilberto Moraes Jr.
A noite era tão calma quanto clara.
O peão, após ter passado o dia na casa da namorada, retornava para o rancho, “a pézito no más”, por um atalho através campo.
Caminhava “entertido” com a própria sombra que a lua cheia fazia projetar sobre suas botas. Às vezes atirava o chapéu uns metros a sua frente, acompanhando o encontro dele com a sombra no chão, repetindo várias vezes.
O latido distante de um cachorro quebrou o silêncio, pressentindo que alguém transitava pelo campo.
Contornando um capão de mato, seguiu por um trilho do gado que cortava a coxilha limpa de onde pode ver o céu com toda sua grandeza e milhões de estrelas povoando aquela invernada de propriedade do Patrão Maior.
Contemplando as estrelas, imaginou em dar uma de presente para a sua prenda.
Mais uma quebra do silêncio. Desta feita, um casal de quero-queros o trouxe de volta ao caminho. As aves revoavam dando rasantes sobre ele, enquanto se valia do chapéu para espantar o casal que por certo defendia o ninho.
Após mais uns passos, tornou a olhar as estrelas, vindo novamente o pensamento de presentear a prenda. Mas qual das estrelas conseguiria dar? Todas eram dignas de um presente.
No seu devaneio continuava caminhando e olhando para o céu.
Ao chegar na porteira do seu rancho, a lua lhe dava boas vindas e ele olhando para trás, viu quando uma estrela se desprendeu deixando um rastro luminoso escondendo-se na coxilha por onde ele havia passado.
No decorrer da semana, um guri a cavalo foi lhe entregar um bilhete da sua prenda, no qual dizia ter sonhado com ele chegando na casa dela, montado num lindo cavalo, repontando uma estrela cadente.
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