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sexta-feira, 14 de junho de 2013

QUANDO EU VOLTAR




Quando eu voltar pra querência
quero ver tudo de novo
abraçar todo o meu povo
fazer tudo o que eu fazia
levantar de madrugada
pra poder espiar a geada
bem antes de clarear o dia

Cevar um mate topetudo
e encher com água da sanga
ver ajojados na canga
os bois que deixei tambeiros
tomar café de chaleira
e ver a minha parelheira
na cancha dos três coqueiros

Preparar um revirado
para quebrar o jejum
depois puxar um por um
os tetos da holandesa
quero ver velhos retratos
e a mãe espantando os gatos
que querem subir na mesa

Botar aquele chapéu
que ainda tem o meu cheiro
e fumacear um palheiro
fechado na palha fina
numa manhã ensolarada
dar de mão numa enxada
me destorcer na capina

Vestir a velha bombacha
assim mesmo remendada
a bota toda esfolada
e aquele lenço encarnado
com um pelego e um freio
vou montar sem o arreio
no baio ruano encerado

Pegar a mala de garupa
pra ir na venda a cavalo
quero molhar o gargalo
com aquela caninha buena
ficar com o olho atento
espiando lá para dentro
pra namorar a morena

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