O cabo de taquara, polido pelas mãos
ásperas, era lisinho e brilhoso como se envernizado com o melhor produto do
gênero.
Nem lembrava ele, quantas e quantas vezes a “siadona” mandou lhe amarrar feixes de carqueja, guanxuma e ramos de vassoura de capoeira, para uma limpeza no terreiro e no forno.
Passava grande parte do seu tempo escorado na parede da casa, ora lagarteando, ora na sombra fria e até mesmo à noite, fechando os olhos com medo dos relâmpagos.
Dava a impressão que estava de cabeça para baixo, visto a ramagem lembrar uma cabeleira despenteada, ou um bigodão repuxado mais para um lado do que para o outro. Se ficasse de ponta trazia azar, porém também trazia sorte com a “sempatia” de mandar a visita embora, segundo a crença dos antigos.
Quando lhe davam uma folga de ser vassoura, era requisitado pelo piá, servindo de parelheiro, o que lhe causava o desgaste em uma das pontas. Outras vezes foi arma para matar papa-pinto ou cobra verde, que se achegavam nas casas, sorrateiras a lamber os beiços.
Também servia de par para a prendinha, nos bailes fantasiados pela imaginação fértil e inocente, rodopiando no rodar de um vestido enfeitado de remendos.
Com o modernismo chegando no rancho, ele está ficando de lado dando lugar a novos engenhos que o levarão a virar cavaco para principiar fogo, ou apodrecer no monturo.
Parabéns meu amigo, eternizando no papel, com rara mestria, o simples cotidiano de uma vida nas casas.
ResponderExcluirQuem olha e não vê a singeleza de uma simples vassoura de guanxuma, assim como tantas outras coisas simples por ali , fazendo parte da montagem de um rancho campeiro.
Tens o coração na ponta da caneta e um olhar especial para captar tudo isso.
Parabéns meu amigo, eternizando no papel, com rara mestria, o simples cotidiano de uma vida nas casas.
ResponderExcluirQuem olha e não vê a singeleza de uma simples vassoura de guanxuma, assim como tantas outras coisas simples por ali , fazendo parte da montagem de um rancho campeiro.
Tens o coração na ponta da caneta e um olhar especial para captar tudo isso.
Obrigado parceiro.
ResponderExcluirTuas fotos de nosso Rio Grande do Sul também demonstram a sensibilidade e a vivência de quem deixou o umbigo enterrado ao pé de algum mestre de cerca na Terra da Melancia. Um fraterno abraço!