Já bem no fim da tarde chuvosa e fria, emoldurado pela janela do oitão do meu rancho, contemplava a paisagem onde se destacava a alguns metros adiante, a casa branca da fazenda que meu pai capatazeou por muitos anos, até ser beneficiado com a aposentadoria.
Com os cotovelos apoiados na soleira da janela e o rosto entre as mãos, o pensamento foi criando asas e voou lá para a infância.
Não sei por que me veio à lembrança, da vez que acordei pela manhã e ouvi minha mãe, ainda deitada no quarto dela, dizer ao meu pai que ontem tinha sido o meu aniversário e que nem ela havia lembrado.
Ainda olhando para a casa branca, no lusco-fusco, recordei da grande festa de aniversário do filho do ex-patrão do pai, para a qual, na época, só fomos convidados com a finalidade de ajudar nos preparativos. Foi realmente de grande pompa. Todos os anos era a mesma coisa.
Não sentia ciúmes e nem inveja, pois eu tinha certeza de que era mais feliz do que ele e o que me confortava era o fato de que o meu petiço nunca perdeu carreira para o dele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário