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Foto de Jorge Luiz Laranjeita |
Cai a
noite. Lá no fundo do campo, um rancho deixa sair pelas frestas a luz de um
lampião que na cabeceira da cama de uma prenda alumia as páginas da carta que o
namorado escreveu lá do quartel da cidade.
(Minha “princeza inesquesivel oji pegu”
na pena...)
O papel
perfumado ameniza o cheiro da fumaça. Os olhos vão até o fim da linha e voltam
com ansiedade devorando as palavras enquanto o coração acelera o compasso.
É a
primeira carta desde que ele foi. Pouco romantismo e muitas “milicadas”. Novidades
sobre a nova vida, mas mesmo assim ela vai saboreando as palavras. Fecha os
olhos e imagina seu bem-amado teso dentro de uma farda verde-oliva.
As horas
vão passando puxadas pelo canto de um grilo e a prenda volta mais uma vez ao
início da carta. Lê e relê, acaricia o papel e na sua cabeça vai preparando a
resposta.
Amanhã,
quando o mano for na venda vai pedir que traga papel e envelope para escrever
ao recruta, conforme seu pai chama o rapaz (o que ela não aprova).
O sono não
chega e mais uma passada de olhos na carta.
O grilo
silenciou seu canto e o lampião vai diminuindo a luminosidade por falta de
querosene e a luz mal e mal chega até as frestas.
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Agora ela
dorme com a carta sobre o rosto e o lampião fumega queimando o pavio.